segunda-feira, 28 de março de 2011

A voz da mídia golpista por Sinfrônio

A mídia golpista delira quando o Brasil age conforme o "mundo civilizado". Vejam a charge do Sinfrônio comungando com o discurso GLOBalizado. 



Argentina: manifestantes impedem circulação dos jornais Clarín e Olé

Quero ver o Jornal Nacional fazer uma matéria semelhante a esta, pondo os dois lados. Certamente, Bonner gritará que há censura. A PIG não percebeu que um novo está chegando...



28/03/2011 - 12:00 | Luciana Taddeo | Buenos Aires

O principal jornal argentino chegou às bancas com sua capa em branco na manhã desta segunda-feira (28/03). A medida é um ato de repúdio aos eventos iniciados na noite do último sábado, quando um grupo de manifestantes impediu durante 12 horas a saída dos caminhões das gráficas do Clarín e do jornal de esportes Olé, impedindo sua circulação. 

Em um comunicado de imprensa divulgado no domingo, dia em que o jornal não circulou, a empresa afirmou: “Hoje, em democracia, alguns impediram que nossos leitores pudessem se informar e o governo não fez nada para impedi-los”. Segundo o texto, alguns dos manifestantes “se identificaram como apoiadores do sindicalista Hugo Moyano”, titular da Confederação Geral do Trabalho. 

Leia mais: 

Trata-se de um fato gravíssimo que atenta contra a liberdade de expressão, direito consagrado em nossa Constituição Nacional. Uma coisa que não registra antecedentes desta magnitude desde a recuperação da democracia na Argentina”, reitera o comunicado.
Os manifestantes que impediram a saída dos caminhões da gráfica eram trabalhadores da empresaArtes Gráficas Rioplatenses (AGR), do próprio Grupo Clarín, acompanhados por familiares e amigos. De acordo com o jornal “não existe nenhum conflito trabalhista coletivo, como pretenderam explicar os que bloquearam a gráfica”.
Após os protestos da empresa quanto à omissão das autoridades para “resolver a situação”, o Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social convocou para hoje uma reunião entre as partes do conflito “a fim de buscar um espaço de conciliação”.
As matérias publicadas sobre o conflito na edição desta segunda-feira afirmam que nenhum empregado do Clarín participou dos protestos e que a AGR informou que há uma combinação de reivindicações individuais, algumas das quais incluem dinheiro para não impulsionar este tipo de medidas. Ainda segundo o jornal, não houve assembléias internas, nem aval do sindicato para impedir a chegada das publicações às bancas. 

Reprodução/Luciana Taddeo 
 

A capa do Clarín deste segunda-feira, em branco, como forma de repúdio ao protesto 

Os internautas não demoraram em manifestar-se nas redes sociais, como o Twitter, prestando sua solidariedade ao veículo: “Força Clarín, abaixo a ditadura K”, escreveu um, em relação à conflituosa relação entre o jornal e o governo de Cristina Kirchner. “O governo K critica tanto a ditadura, mas impediu ontem a saída do diário Clarín, como a expropriação do jornal La Opinión em 1977”, publicou outro. 

Por outro lado, alguns lembraram o apoio do jornal aos militares durante a ditadura argentina (1976-1983): “Onde estava a capa branca durante a ditadura? Clarín, você é uma vergonha de jornal”, acusou. Outro ressaltou uma suposta manipulação das reportagens publicadas pelo veículo: “Pela 1ª. vez a capa do Clarín não inclui mentiras. Os redatores se descerebraram para conseguir isto. Parabéns!” 
Fonte: Opera Mundi

domingo, 27 de março de 2011

Quebrando o silêncio: soldados israelenses revelam a ONG abusos cometidos contra palestinos

E os EUA nada em propor paz aos palestinos. Por que será?

Fonte: Opera Mundi


A associação israelense Breaking The Silence (Quebrando o silêncio) acaba de publicar um livro com centenas de depoimentos de membros das forças armadas do país, de soldados rasos a comandantes de alta patente, em que são relatados abusos cometidos contra palestinos nos territórios ocupados da Faixa de Gaza e da Cisjordânia. Nas conversas, os oficiais contam o que viram , o que ouviram e o que foram obrigados a fazer. 

“... No treinamento você aprende que o fósforo branco não deve ser usado, você aprende que não é humano usá-lo. Você assiste filmes e vê o que ele faz com as pessoas que são atingidas, e você diz: 'Meu Deus, nós estamos fazendo isso também'. Bairros inteiros foram extintos porque mísseis eram lançados de algumas casas. Isso não é o que eu esperava ver”, diz o depoimento de um oficial que atuou na operação Chumbo Fundido em Gaza, em 2009. 

Efe (25/03/2011) 
 
Um palestino observa edifício destruído por recente ataque aéreo de Israel à Faixa de Gaza 

Em outro, mais questionamentos. “...Eu lembro de algo que pessoalmente me incomodou. Eu não entendia o toque de recolher. Em Hebron, havia uma tonelada de toques de recolher, eu não lembro o número de dias, mas lembro sim que eu ficava em choque porque fazíamos toques de recolher tão frequentemente e achávamos que as pessoas podiam viver. Eu realmente não conseguia entender como eles esperavam que as pessoas existissem.” 

Yehuda Shaul, fundador da ONG e um dos coordenadores, explicou ao Opera Mundi que anteriormente o trabalho se restringia a coletar os depoimentos, mas com o livro foi feita uma análise das dificuldades que esses soldados  vivenciam. “Se trata definitivamente de um grande trabalho. É uma visão geral e analítica de tudo que fizemos até hoje com os testemunhos. Na verdade, é a primeira vez que fazemos análise, pois até hoje nos restringimos à coleta de testemunhos”. 

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Em outro depoimento, uma ex-soldada israelense conta como colocou um palestino no canto de um posto de controle por quatro horas, vendado e com as mãos amarradas, por ter “irritado” os soldados.  “Ninguém pode entender a não ser que tenha estado lá. Se contar a um amigo... é uma pequena história entre tantas outras histórias chocantes, é algo pequeno, que me deixa desconfortável. Eu tenho imagens na cabeça, mas não lembro detalhes. Eu realmente reprimi esse período. Estou envergonhada. Eu não sei”. 

Dar sentido a esta parte reprimida é a missão do BTS, como explica Shaul. “O BTS surge de um ponto de vista muito otimista da sociedade israelense. Acreditamos que os israelenses apenas não sabem do que acontece, pois não são confrontados com a realidade. Se fossem, agiriam diferente. A nossa cruzada é pelo conhecimento”, afirma o ativista. 

Lucas Justiniano/Opera Mundi 
 
Shaul: "A ocupação é um ato odioso feito por Israel e que precisa ser encerrado por Israel" 

Em sua opinião, o silêncio não é uma “doença israelense”, mas humana. “Como o serviço militar é obrigatório, existe uma percepção em Israel de que todos são soldados desde crianças, então as ‘paredes da negação’ são mais altas e grossas. As pessoas apenas querem viver suas vidas, e nosso trabalho é estragar a festa. Vamos lá e estragamos o clima, relembrando os crimes que estamos cometendo como sociedade, que está sendo feito em nosso nome”. 

Desde 2004, quando surgiu, o BTS já coletou, segundo Shaul, depoimento de 730 ex-soldados combatentes que serviram na Faixa de Gaza ou na Cisjordânia. E depois de lançar edições focadas em Hebron, na operação Chumbo Fundido e no serviço de mulheres combatentes, o mais recente livro traz o registro e analisa a coleta de depoimentos que cobre o período de ações que vai de 2000, quando começa a Segunda Intifada, a 2010. 

A ONG é financiada por doadores israelenses e estrangeiros, principalmente vindos da Europa. O governo de Israel critica a publicação dos relatórios e publicações, pois eles revelariam detalhes que podem colocar a população israelense em risco. Para Tel Aviv, a função da ONG não é social, e sim política. Todos os depoimentos são anônimos justamente para que os oficiais não sejam processados pelo Estado. 

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Em outro depoimento, uma mulher se lembra de um incidente alguns anos atrás, quando um homem palestino riu dela, porque(ou assim ela pensava), ela estava usando um uniforme. Segundo a oficial, ela tinha que "preservar o respeito". Então, aproximou-se do homem, "como se eu estivesse prestes a beijá-lo.Eu disse a ele: 'Venha, venha, do que você tem medo? Venha para mim!' E eu então o chutei nas bolas.'Porque você não está rindo?Ele estava em choque, e então percebeu...que não podia mais rir de mim." 

Cerco aos territórios 

Em outro depoimento, outros questionamentos. “Tenho certeza que seria insuportável se me colocassem sob toque de recolher por 360 dias. Não é possível e eu lembro que falava sobre isso e ninguém entendia. Eles diziam: ‘risco à segurança’. Ótimo, risco à segurança, mas eles são pessoas e precisam viver. De onde tiram comida? Como podem ganhar dinheiro para comer quando estão sob toque de recolher?”. 

Assista a um documentário feito pela BTS: 
 

A visão geral que o BTS alcançou é a de que o discurso sobre segurança e proteção dos colonos é uma parte muito pequena do que os militares procuram alcançar nas ações. No centro está a preservação do controle militar sobre os palestinos. “Nossa sociedade deve ser confrontada com esses fatos. Nos últimos 15 ou 20 anos, a discussão oficial sempre foi: até que o conflito entre israelenses e palestinos seja resolvido, a ocupação vai continuar. Nós combatemos essa ideia, pois acreditamos que é errado controlar uma população de 3,5 milhões de pessoas, mantidas como refém, apenas para ter fichas de barganha nas mesas de negociações. A ocupação é um ato odioso feito por Israel e que precisa ser encerrado por Israel”, argumentou Shaul. 

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Para o ativista, não existe uma permissividade ligada ao militarismo israelense, que poderia explicar a alta ocorrência de abusos. Segundo Shaul, o culpado é o próprio sistema da ocupação. “Quando se é enviado para manter uma realidade corrupta, é comum se tornar corrupto. Não importa se são ordens, todos fazem. Isso, para nós, é parte da ocupação. Muitas pessoas falam em lavagem cerebral, mas não se trata disso. É um trabalho, o que pode ser feito? Se deve controlar pessoas contra a sua vontade, a única maneira de fazê-lo é causando medo neles, e se eles se acostumam, aumente a dose, e se eles se acostumam de novo, aumente de novo. Por isso, tomamos a posição de que isso deve acabar imediatamente”. 


sábado, 26 de março de 2011

Pimenta nos olhos dos outros... EUA "preocupados" com a censura no mundo

Mais uma do governo norte-americano. Os EUA pretende financiar projetos que busquem  "identificar e arquivar conteúdos vetados por governos e reintroduzi-los na internet por meio de ferramentas em desenvolvimento." Não é à toa que Obama se reuniu com as principais cabeças do EUA que lidam com informática: Jobes, Mark...


Se os EUA estão tão preocupados com a liberdade de expressão por que desejam prender Julian Assange, do Wikileaks? Nunca caiu tão bem o dito popular.


Veja a notícia: http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticia/EUA+DESTINAM+US+30+MILHOES+PARA+PROJETOS+DE+LIBERDADE+DE+INTERNET+CONTRA+CUBA_10741.shtml

quarta-feira, 23 de março de 2011

Fidel: discurso de Obama é uma ofensa à inteligência

O líder cubano Fidel Castro criticou nesta quarta-feira a "insólita aliança entre milionários e famintos" proposta pelo presidente Barack Obama para a América Latina, e classificou seu discurso de tosco e insulto à inteligência.
"Os bem informados - aqueles que conhecem, por exemplo, a história deste hemisfério, suas lutas ou, inclusive, apenas a do povo de Cuba defendendo a Revolução contra o império (...) com certeza se assombrarão com sua proposta", afirma Fidel em mais um artigo publicado na imprensa local.
Em seu artigo "As verdadeiras intenções da Aliança Igualitária", o líder comunista disse ter acompanhado as "peripécias e aventuras" de Obama durante sua visita à América Latina.
"A verdadeira razão do maravilhoso discurso de Obama se explica de forma indiscutível por meio de (...) suas próprias palavras (no Chile): 'A América Latina vai se tornar cada vez mais importante para os Estados Unidos, especialmente para nossa economia".
Fidel define ainda Obama como "um bom alinhavador de palavras", mas dono de "um discurso tosco", que é "um insulto à inteligência humana".

Fonte: Yahoo 

terça-feira, 22 de março de 2011

A força e os limites da blogosfera

Do Blog do Miro

Excelente análise do blogueiro Miro, ele alerta: a rede social não causa a revolução, mas a auxilia. Bom também seu comentário sobre o cuidados que os blogueiros progressistas têm que ter com seus sites, blos e outros, para não ser algo sem atração.

Por Altamiro Borges
Em sua visita ao Brasil, o presidente do EUA, Barack Obama, havia programado um megaevento na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro, palco de históricos protestos em defesa da democracia e a soberania nacional. Na última hora, o show de pirotecnia foi cancelado. Segundo a própria mídia hegemônica, a razão foi que o serviço de inteligência do império, a famigerada CIA, alertou a diplomacia ianque sobre os "protestos convocados pelas redes sociais". Obama ficou com medo!

Este episódio, uma vitória dos internautas progressistas do Brasil, comprova a força da internet. Num meio ainda não totalmente controlado pelas corporações capitalistas é possível desencadear ações contra-hegemônicas e quebrar o “pensamento único” emburrecedor da velha mídia. Desde Seattle, quando manifestações contra a rapina imperial foram convocadas basicamente pela internet, este fenômeno chama a atenção dos atores sociais. De lá para cá, o acesso à rede só se ampliou – no mundo e no Brasil. 

Uma arma poderosa

Nas recentes convulsões populares no mundo árabe, que derrubaram os ditadores da Tunísia e do Egito – sempre tratados como “amigos do Ocidente” pela mídia tradicional – a internet foi uma arma poderosa. Ela não produziu as “revoluções”, mas ajudou a detoná-las. Agora mesmo, na Líbia, há uma guerra de informações da globosfera, acompanhada da real e sangrenta guerra dos mísseis. A internet faz parte hoje da guerra, virtual e real, que se trava nas sociedades. Não dá para desconhecer esta nova realidade.

Os meios tradicionais de comunicação, hegemonizados por poucas corporações – no máximo 40, segundo recentes estudos sobre a crescente monopolização da mídia mundial –, não detêm mais o monopólio da informação. Os avanços tecnológicos abriram brechas, mesmo que temporárias, nesta frente estratégia da luta de idéias. Jornais e revistas da oligarquia estão falindo devido ao maior acesso à internet. Mesmo as redes televisão sofrem com a migração para este novo meio, principalmente da juventude.

A força da blogosfera

No Brasil, esta realidade é bem palpável. Nas eleições presidenciais de outubro passado, a chamada blogosfera progressista jogou papel de relevo na encarniçada disputa. As manipulações dos impérios midiáticos, que se transformaram em cabos eleitorais do candidato da direita, foram desmascaradas online pela internet. No auge da campanha fascistóide, de baixarias e de falsos moralismos, os blogs independentes atingiram mais de 40 milhões em audiência, segundo pesquisa recente.

O impacto foi devastador. José Serra, o candidato do Opus Dei e o preferido do império, conforme telegrama vazado pelo WikiLeaks, usou vários palanques para atacar o que ele chamou, pejorativamente, de “blogs sujos”. Já o presidente Lula, sofrendo violento cerco da ditadura midiática, produziu vídeo para estimular a produção independente dos blogueiros. Na guerra de informações, a internet foi decisiva para desmascarar a direita e para mostrar o real significado da candidatura lulista de Dilma Rousseff.

Passos na organização dos blogueiros

Neste intenso processo da luta de classes, com a centralidade a batalha eleitoral, a blogosfera progressista deu os primeiros passos para a sua organização no Brasil – de forma autônoma. Em agosto passado, mais de 330 blogueiros e twitteiros realizaram o seu primeiro encontro nacional, em São Paulo. Neste evento histórico, eles decidiram lutar pela democratização da comunicação, contra qualquer tipo de censura à internet, e por políticas públicas de incentivo à pluralidade e à diversidade informativas.

Fruto deste encontro histórico, os blogueiros progressistas quebraram a monopólio da mídia tradicional e realizaram a primeira entrevista coletiva com um presidente da República, Lula, em novembro passado. A velha mídia até tentou desqualificar o evento inédito, numa crise de “ciúme” ridícula. Na prática, ela sentiu o baque de uma mudança de paradigma que está em curso. Parafraseando o revolucionário italiano Antonio Gramsci, a coletiva com Lula evidenciou que “o velho está morrendo e o novo ainda não acabou de nascer”.

Os desafios do futuro

O segundo encontro nacional de blogueiros progressistas está agendado para junho próximo, em Brasília. Nele não haverá mais o fator galvanizador que estimulou o primeiro – a luta contra a mídia golpista, que se transformou no “partido do capital” durante o pleito presidencial. O desafio será encontrar novos pontos de unidade na enorme diversidade existente na rede. Sem verticalismo e estruturas hierarquizadas, este movimento amplo e plural tem muito a contribuir na luta pelo avanço da democracia no Brasil.

Os blogueiros progressistas, que hoje já constituem uma vasta e influente rede no país, podem amplificar a luta pela democratização dos meios de comunicação. Está na ordem do dia o debate sobre o novo marco regulatório da mídia, que garanta a verdadeira liberdade de expressão para os brasileiros – e que não se confunde com a “liberdade de empresa” dos monopólios midiáticos. Também está em curso a discussão sobre a liberdade na internet, com investidas da direita contra este direito libertário.

Além de interferir nestas batalhas estratégicas, os blogueiros precisam ampliar sua capacidade de interferir na luta de idéias contra-hegemônicas na sociedade. É preciso que “floresçam mil flores”, que surjam mais e melhores blogs independentes, garantindo maior diversidade e pluralidade informativas. É urgente também qualificar os nossos instrumentos, produzindo conteúdos jornalísticos de qualidade. Para isso, é preciso encontrar caminhos de sustentação financeira da blogosfera, que potencializem essa nova militância virtual.

Riscos de retrocesso

A internet abriu brechas para novas vozes se expressarem na sociedade. Mas ela não deve ser idealizada. Quem detém maior audiência são os portais de notícia e entretenimento dos mesmos grupos midiáticos. A publicidade, que cresce na rede (nos EUA, ela superou pela primeira vez na história os anúncios nos jornais impressos), é totalmente sugada pelos barões da mídia. Ou seja: a internet é um campo de disputa. Sem ampliar e qualificar sua produção, a blogosfera progressista será derrotada, falará para seus nichos.

Além disso, a tecnologia não é neutra. Os monopólios da comunicação, que tornam reféns vários governos, já estudam mecanismos para cercear a liberdade na rede. Barack Obama, que a cada dia se revela um falso democrata, já enviou ao Congresso dos EUA um projeto para “vigiar” a internet. No Brasil, um parlamentar do bloco neoliberal-conservador, Eduardo Azeredo (PSDB), também se apressou em copiar o império e já apresentou projeto para abortar a neutralidade na rede. Os embates neste campo tendem a crescer.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Império promete aliança igualitária para resgatar hegemonia na AL

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, elegeu o Chile como principal aliado do império na América do Sul e, ao chegar ao país nesta segunda-feira (21), fez um discurso enganador prometendo uma “aliança igualitária” com a região, historicamente considerada como um mero quintal do império.

Não é difícil compreender as razões da escolha. O Chile, hoje governado pela direita, foi o primeiro laboratório das políticas neoliberais no mundo, inspirando o chamado Consenso de Washington. A experiência, cruel para a população, começou em 1973, após o golpe militar contra Salvador Allende, desfechado pelo general Augusto Pinochet com o apoio descarado da sinistra central de inteligência estadunidense (CIA). O ditador aplicou ao pé da letra a receita neoliberal ditada pelo economista conservador Milton Friedman e discípulos conhecidos como “Chicago Boys”. Abriu a economia, privatizou, arrochou salários, suprimiu direitos. Temperou tais medidas com uma brutal repressão, tortura e assassinatos, sufocando toda e qualquer oposição.

Sem desculpas

Obama gosta de se apresentar como defensor da democracia. Em nome da coerência, era de se esperar que ele apresentasse ao povo chileno um pedido formal de desculpas pelo golpe de setembro de 1973, que afinal não teria vingado sem a participação da CIA. Mas, obviamente, o chefe de plantão do império não fez nada disto. Os reais interesses em jogo neste seu giro pela América Latina são de outra natureza. 

A situação atual guarda pouca semelhança com a época em que a região foi sacudida por golpes militares, todos eles inspirados no anticomunismo e apoiados pelos EUA. O Brasil, em 1964, não foi exceção. O império era, então, todo-poderoso e, com a exceção de Cuba, reinava absoluto e sem contestação pelo continente americano. Todos, ou quase todos, dependiam dos favores financeiros de Washington.

Decadência

O tempo passou e o cenário mudou, como que da água para o vinho. Os Estados Unidos vivem, agora, um período de franca decadência econômica e política. Muitos países latino-americanos saem da órbita imperial, ganham certa independência e buscam caminhos alternativos de desenvolvimento nacional, longe do desastrado Consenso de Washington, que definitivamente não deu certo.

A submissão da região às ordens emanadas da Casa Branca começa a ser quebrada com a vitória de Hugo Chávez nas eleições presidenciais de 1998 na Venezuela. A ascensão de Lula (2002) e outros líderes populares que cresceram na luta contra o neoliberalismo, como Evo Morales na Bolívia, Kirchner na Argentina e Rafael Correia no Equador, reforçaram este movimento e resultaram no sepultamento da Alca em 2005.

O fortalecimento do Mercosul e a criação da Unasul refletiram a nova realidade política e um distanciamento crescente das Américas do Sul e Latina em relação ao império, que acusa o golpe. Tenta reverter a situação patrocinando conspirações e golpes na Venezuela (2002), Bolívia (2008), Honduras (2009) e Equador (2010). Só obtém sucesso em Honduras, onde o ex-presidente Manuel Zelaya foi sequestrado e desterrado.

Ascensão da China

A mudança no cenário político foi precedida e respaldada pela decadência econômica do império. Isto transparece claramente nas relações comerciais com o Brasil, que possui a maior economia da região. Durante décadas o mercado estadunidense foi o principal destino das exportações brasileiras, mas isto mudou. Quem detém esta posição hoje é a China. Os EUA recuaram para o terceiro lugar, atrás da Argentina.

Dos US$ 201,91 bilhões que o Brasil exportou em 2010, US$ 30,78 bilhões foram relativos a vendas para China; os EUA compraram apenas US$ 19,30 bilhões. Nos anos 1990, a superpotência capitalista respondia por 20,35% de tudo o que o Brasil vendia para fora; dez anos depois, essa proporção caiu para 16%.

Já a relevância da China não se restringe ao comércio. Avança para a exportação de capitais. Somente em 2010, através de vinte operações de aquisição e participação acionária nos setores de petróleo, energia, siderurgia, telecomunicações e automóveis, os investimentos chineses diretos na América Latina, sobretudo na Argentina, Brasil, Peru, Chile e México, superaram US$ 30 bilhões, mais do que todo o valor acumulado até então.

Hostilidade

A mudança em curso na região está em harmonia com o deslocamento do poder econômico das velhas potências capitalistas (EUA, Japão e Europa) para a China e outros países emergentes. O giro de Obama se faz à sombra da crescente influência chinesa e tem o objetivo de recompor a hegemonia imperial. O pano de fundo é a decadência econômica e política.

Os EUA não estão nada satisfeitos com os rumos rebeldes da América Latina. Derrotados no projeto da Alca, conspiram contra a ampliação do Mercosul, que consideram um bloco “antiamericano”, e intensificam os esforços para desestabilizar os governos progressistas da região, especialmente aqueles que compõem a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba), bem como semear discórdia e dividir povos e nações.

O chefe do império afirmou em Santiago (capital chilena) que a América Latina “é mais importante do que nunca” para a prosperidade e segurança dos EUA e fez questão de criticar “alguns líderes” da região que supostamente se aferram a “ideologias falidas”. Uma referência aos críticos mais radicais e consequentes do imperialismo, como Hugo Chávez, Evo Morales e Raúl Castro. Reiterou o aceno a uma “aliança igualitária” e também não se esqueceu de criticar Cuba e enviar uma mensagem de apoio à contrarrevolução da Ilha.

A bem da verdade, é preciso destacar que ideologia falida é aquela difundida pelo império, que fez água não só na América Latina mas em todo o mundo e resultou numa das mais graves crises econômicas da história do capitalismo. Lembremos que quem está em ascensão no mundo é a China, que obviamente não se guia pela ideologia dominante no decadente Ocidente. 

Interesses antagônicos

A mídia capitalista não poupou elogios ao presidente estadunidense e repercutiu suas demagogias de forma acrítica e colonizada. Mas o chefe do império que acaba de desatar uma nova guerra no Oriente Médio, a pretexto de defender a democracia e os direitos humanos, também foi alvo de protestos dos movimentos sociais, aqui e no Chile. 

Os interesses do imperialismo não condizem com os dos povos e nações latino-americanos. Embora apresentada, enganadoramente, como um novo e promissor capítulo nas relações entre EUA e América Latina, a visita de Barack Obama encobre propósitos neocoloniais obscuros e reacionários, que devem ser rechaçados com energia pelas forças e personalidades que defendem a soberania, a democracia, o desenvolvimento e a integração. 

Da Redação, Umberto Martins, com agências

quinta-feira, 10 de março de 2011

Aula inaugural semestre 2011.1 e Lançamento do Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Pragmática

Gente, um evento imperdível para todos os amantes da linguagem. Participe!!!

O Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Universidade Estadual do Ceará (PosLA) lançará, no dia 15 de março de 2011, o Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Pragmática, durante a aula inaugural do Mestrado em Linguística Aplicada 2011. O lançamento será no auditório do Centro de Humanidades da UECE, a partir das 16 horas. Quem abre a programação é a professora Joana Plaza, da Universidade Federal de Goiás (UFG), que ministrará palestra com o título “Além da Língua: estudos críticos em Linguística”, seguida pelo professor Kanavilil Rajagopalan, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que falará sobre a “Nova Pragmática”.


 De acordo com a coordenadora do PosLA, professora Claudiana Nogueira Alencar, o Núcleo é o primeiro centro de estudos em Pragmática do Ceará e objetiva projetar e ampliar as pesquisas que vêm sendo realizadas no PosLA em pragmática cultural, uma pragmática comprometida com a intervenção social e as questões culturais do nosso tempo, uma que as formas de violência, as desigualdades, a exclusão social, o racismo cultural são questões que também dizem respeito à linguagem. O núcleo pretende agregar membros docentes e discentes de vários Centros e faculdades da UECE e de outras universidades brasileiras e estrangeiras. A professora também afirma que são poucos os centros de estudo em Pragmática no Brasil. Daí a importância da ação no Estado.



Serviço:
Lançamento do Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Pragmática do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da UECE
Local: Auditório do Centro de Humanidades da UECE
Horário: 16 horas
Palestras:



“Além da Língua: estudos críticos em Linguística” (Aula inaugural do Mestrado em Linguística Aplicada)
Profa. Dra. Joana Plaza Pinto (UFG)


“A Nova Pragmática” 
Prof. Dr. Kanavilil Rajagopalan (UNICAMP)
Horário: 17h

quarta-feira, 9 de março de 2011

Escrevinhador: Merval e Mainardi: próximos de Serra e dos EUA

publicada quarta-feira, 09/03/2011 às 17:31 e atualizada quarta-feira, 09/03/2011 às 17:55
Mainardi e as colunas a serviço de Serra; o animal ao lado não é Merval Pereira
Não havia muitas dúvidas de que Merval Pereira e Diogo Mainardi fizeram de suas colunas (em “O Globo” e “Veja”) um espaço aberto a serviço de Serra, durante a campanha de 2010.
Mas não se sabia que eles cumpriram também o papel de correia de transmissão entre o serrismo e os EUA.
Textos publicados por Maria Frô eMiguel do Rosário no blog Gonzum mostram as relações estreitas entre os jornalistas e o Consulado dos EUA no Rio. Tudo baseado em telegramas do wikileaks, repassados com exclusividade a um grupo de blogs (entre os quais se encontra esse Escrevinhador).
Aqui, a tradução dos telegramas no blog da Maria Frô:
WikiLeaks
246840/ 2/2/2010 19:13/ 10RIODEJANEIRO32/ Consulate Rio De Janeiro/ NCLASSIFIED//FOR OFFICIAL USE ONLY
Excertos dos itens “não classificados/para uso exclusivamente oficial” do telegrama 10RIODEJANEIRO32.

A íntegra do telegrama não está disponível.
ASSUNTO: Ideias sobre possíveis candidatos a vice-presidente para José Serra
RESUMO. 1. (SBU) Observadores políticos e atores do PSDB no país entendem que há possibilidade de candidato do PSDB à presidência (na dianteira, nas pesquisas de intenção de voto) convidar a candidata Marina Silva, do Partido Verde, para sua chapa, como vice-presidente. Embora pareça pouco provável, nesse ponto, que Marina Silva aceite esse papel, muitos creem que, pelo menos, ela apoiará Serra num eventual segundo turno contra a candidata do PT Dilma Rousseff. Apesar de a hipótese Marina não estar descartada, analistas do PSDB veem, como cenário mais provável, que o governador de Minas Gerais, Aecio Neves (PSDB) venha a completar a chapa com Serra, como candidato à vice-presidência, apesar de Neves já ter declarado publicamente que concorrerá ao Senado. Mas, com a vantagem de Serra encolhendo nas pesquisas recentes, ressurge a especulação de que Serra possa renunciar a favor de Neves como candidato do PSDB. Até aqui, Serra é o candidato mais provável, e muitos dos nossos interlocutores declararam que uma chapa Serra-Neves seria o melhor caminho para Serra enfrentar com chances de sucesso os esforços do presidente para traduzir sua popularidade pessoal em votos para Dilma Rousseff, na sucessão. FIM DO RESUMO.
NO RIO, ANALISTAS DISCUTEM ALTERNATIVAS PARA A VICE-PRESIDÊNCIA
2. (SBU) Em almoço privado dia 12 de janeiro, o importante colunista político da revista Veja Diogo Mainardi disse ao cônsul dos EUA no Rio de Janeiro que a recente coluna [de Mainardi] na qual propõe o nome de Marina Silva como vice-presidente na chapa de Serra foi baseada em conversa entre Serra e Mainardi, na qual Serra dissera que Marina Silva seria a “companheira de chapa de seus sonhos”.
Naquela conversa com Mainardi, Serra expôs as mesmas vantagens que, depois, Mainardi listou em sua coluna: a história de vida de Marina e as impecáveis credenciais de militante da esquerda, que contrabalançariam a atração pessoal que Lula exerce sobre os pobres no Brasil, e poriam Dilma Rouseff (PT) em desvanagem na esquerda, ao mesmo tempo em que ajudariam Serra a superar o peso da associação com o governo de Fernando Henrique Cardoso que Dilma espera usar como ponto de lança de ataque em sua campanha. Apesar disso, Mainardi não acredita que Marina associe-se a Serra, porque está interessada em fixar sua própria credibilidade, concorrendo, ela mesma, à presidência. Mas Mainardi disse que crê – como também Serra – que Marina Silva pode bem vir a apoiar Serra num eventual segundo turno contra Dilma.
3. (SBU) Em plano mais realista, Mainardi disse ao cônsul que o governador de Minas Gerais Aecio Neves dissera a Mainardi, no início desse mês, que Neves permanecia “completamente aberto” à possibilidade de concorrer como candidato a vice, na chapa de José Serra. (Nota: Dia 17/12/2009, Neves declarou oficialmente encerrada a discussão sobre sua pré-candidatura à presidência e mostrou interessem em concorrer como vice-presidente [referido em outro telegrama. FIM DA NOTA).
Apesar das declarações públicas de que concorrerá ao Senado, Mainardi disse que Neves planeja esperar um cenário no qual o PSDB, talvez à altura do mês de março, convide Neves para compor a chapa, com vistas a aumentar a chance do partido contra Dilma. As ambições pessoais de Neves e seu desejo, intimamente ligado àquelas ambições, de não atrapalhar o PSDB nas próximas eleições, levariam Neves a compor a chapa, ao lado de Serra – na opinião de Mainardi.
É a mesma opinião de Merval Pereira, colunista do jornal O Globo, o maior do Rio de Janeiro, que se reuniu com o Cônsul dia 21/1. Pereira disse ao cônsul que tivera uma conversa com Neves na véspera, na qual Neves dissera estar “firmemente comprometido” a ajudar Serra fosse como fosse, inclusive como vice-presidente, na mesma chapa.
Na opinião de Merval Pereira, uma chapa Serra-Neves venceria. Pereira disse também acreditar que não só Neves aceitará a vice-presidente de Serra, mas, também, que Marina Silva também apoiaria Serra num eventual segundo turno.
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Fonte: http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/merval-e-mainardi-proximos-de-serra-e-dos-eua.html