segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Pistolagem] Crimes crescem na área urbana

Isto ainda acontece..., extraído do O Povo


Para os pesquisadores do Laboratório de Estudos da Violência, a prática criminosa da pistolagem é forte, principalmente na Região Metropolitana de Fortaleza (SARA MAIA)
Para os pesquisadores do Laboratório de Estudos da Violência, a prática criminosa da pistolagem é forte, principalmente na Região Metropolitana de Fortaleza (SARA MAIA)
Seja rural, seja urbano. Entre os delitos, a pistolagem não chega a ser o maior dos crimes de homicídio no Ceará. Engana-se quem julga que a Capital não deve se preocupar com o crescimento do número de assassinatos de aluguel. Conforme os professores Ricardo Arruda e César Barreira, do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará (UFC), a prática criminosa é forte hoje. Principalmente na Região Metropolitana de Fortaleza.

“O crime foi se reconfigurando. Se há algumas décadas era rural, hoje são assassinatos completamente urbanos”, defende Arruda. Um dos palestrantes de ontem do seminário Violência e Conflitos Sociais: Práticas de Extermínio, o professor elenca outros nomes para a velha pistolagem: homicídio encomendados por acerto de contas, dívida com tráfico de drogas e brigas familiares ou entre vizinhos.

César Barreira alerta que o crime é de pistolagem quando alguém é contratado para executar uma morte - e o pagamento pode ser de várias maneiras. A fidelidade é uma delas.

Em pesquisa, o professor Ricardo Arruda entrevistou mais de 100 pistoleiros, em várias regiões do Ceará. Dentre eles, um criminoso que ganhou os holofotes na época, Ildefonso Maia da Cunha, o Mainha., acusado de assassinar mais de 60 pessoas. “Mainha não se dizia pistoleiro”, narra. Na boca do criminoso, as palavras as quais se identificava eram justiceiro, vingador. “Ele dizia: ‘Só matei por questão de família ou para defender um amigo, um parente. Para fazer justiça’”.

Arruda aponta que há uma ligação cultural forte entre esse tipo de homicídio e a figura do vaqueiro. “Por exemplo, hoje, os pistoleiros usam motos para executar o ‘serviço’. O condutor é chamado de cavalo”.

Existe toda uma mística envolvendo a figura do pistoleiro, conforme explica Arruda. Muitas mulheres, inclusive casadas, segundo conta, são atraídas pela figura dos assassinos.

O quê

ENTENDA A NOTÍCIA
O termo crime de pistolagem não é novo. De acordo com o professor César Barreira, das Ciências Sociais da UFC, ele surgiu por volta da década de 1960. Antes, os homicidas de aluguel eram chamados de cangaceiro, jagunço, matador.

ENTREVISTAS
O doutor em Sociologia Ricardo Arruda percorreu 35 cidades do Interior e da Região Metropolitana para entrevistar 130 pessoas que trabalhavam com crimes de pistolagem. A maior parte das coletas foi de informação. Todas em Fortaleza, totalizando 97 entrevistas.

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