segunda-feira, 28 de março de 2011

Argentina: manifestantes impedem circulação dos jornais Clarín e Olé

Quero ver o Jornal Nacional fazer uma matéria semelhante a esta, pondo os dois lados. Certamente, Bonner gritará que há censura. A PIG não percebeu que um novo está chegando...



28/03/2011 - 12:00 | Luciana Taddeo | Buenos Aires

O principal jornal argentino chegou às bancas com sua capa em branco na manhã desta segunda-feira (28/03). A medida é um ato de repúdio aos eventos iniciados na noite do último sábado, quando um grupo de manifestantes impediu durante 12 horas a saída dos caminhões das gráficas do Clarín e do jornal de esportes Olé, impedindo sua circulação. 

Em um comunicado de imprensa divulgado no domingo, dia em que o jornal não circulou, a empresa afirmou: “Hoje, em democracia, alguns impediram que nossos leitores pudessem se informar e o governo não fez nada para impedi-los”. Segundo o texto, alguns dos manifestantes “se identificaram como apoiadores do sindicalista Hugo Moyano”, titular da Confederação Geral do Trabalho. 

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Trata-se de um fato gravíssimo que atenta contra a liberdade de expressão, direito consagrado em nossa Constituição Nacional. Uma coisa que não registra antecedentes desta magnitude desde a recuperação da democracia na Argentina”, reitera o comunicado.
Os manifestantes que impediram a saída dos caminhões da gráfica eram trabalhadores da empresaArtes Gráficas Rioplatenses (AGR), do próprio Grupo Clarín, acompanhados por familiares e amigos. De acordo com o jornal “não existe nenhum conflito trabalhista coletivo, como pretenderam explicar os que bloquearam a gráfica”.
Após os protestos da empresa quanto à omissão das autoridades para “resolver a situação”, o Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social convocou para hoje uma reunião entre as partes do conflito “a fim de buscar um espaço de conciliação”.
As matérias publicadas sobre o conflito na edição desta segunda-feira afirmam que nenhum empregado do Clarín participou dos protestos e que a AGR informou que há uma combinação de reivindicações individuais, algumas das quais incluem dinheiro para não impulsionar este tipo de medidas. Ainda segundo o jornal, não houve assembléias internas, nem aval do sindicato para impedir a chegada das publicações às bancas. 

Reprodução/Luciana Taddeo 
 

A capa do Clarín deste segunda-feira, em branco, como forma de repúdio ao protesto 

Os internautas não demoraram em manifestar-se nas redes sociais, como o Twitter, prestando sua solidariedade ao veículo: “Força Clarín, abaixo a ditadura K”, escreveu um, em relação à conflituosa relação entre o jornal e o governo de Cristina Kirchner. “O governo K critica tanto a ditadura, mas impediu ontem a saída do diário Clarín, como a expropriação do jornal La Opinión em 1977”, publicou outro. 

Por outro lado, alguns lembraram o apoio do jornal aos militares durante a ditadura argentina (1976-1983): “Onde estava a capa branca durante a ditadura? Clarín, você é uma vergonha de jornal”, acusou. Outro ressaltou uma suposta manipulação das reportagens publicadas pelo veículo: “Pela 1ª. vez a capa do Clarín não inclui mentiras. Os redatores se descerebraram para conseguir isto. Parabéns!” 
Fonte: Opera Mundi

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