sábado, 30 de julho de 2011

Denúncias unem torcidas contra Ricardo Teixeira

As denúncias que envolvem o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, provocaram um resultado surpreendente: a união entre as torcidas organizadas de clubes adversários. Representantes de 40 agremiações prometem protestos dentro e fora de campo.
Gaviões da Fiel, Camisa 12 e Estopim, do Corinthians; Dragões da Real, do São Paulo; Mancha Verde, do Palmeiras, e mais 35 torcidas do interior paulista e de outros estados anunciaram na sexta-feira (22) o início de um movimento para defender a Copa do Mundo no Brasil “com prestação de contas e sem Ricardo Teixeira”.
As torcidas organizadas vão encampar um protesto contra Teixeira e a CBF nos dias 13 e 14 de agosto, durante rodada do fim de semana do Campeonato Brasileiro. Eles pretendem exibir faixas nos estádios contra Ricardo Teixeira e a CBF e fazer panfletagem nos portões de entrada exigindo transparência e prestação de contas nos gastos com a Copa do Mundo no Brasil.
O movimento é uma reação às denúncias feitas pela BBC, de que Teixeira teria recebido propina de R$ 15,1 milhões por meio de uma empresa da qual é sócio, a Sanud. Um dos procuradores da Sanud é irmão de Teixeira.
A TV Record também apresentou denúncias de que o cartola construiu vasto patrimônio após assumir a presidência da CBF. E mostrou que o Teixeira comprou uma cobertura de um dos sócios que negocia pacotes do Mundial no Brasil por valor abaixo do preço de mercado.
União
Os dirigentes de torcidas organizadas se reuniram na sede da Mancha Verde, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, para organizar as manifestações e discutir outros problemas comuns ligados ao futebol. Estavam presentes também torcedores de clubes como o Guarani e Ponte Preta, de Campinas, e São Caetano, do ABC paulista. Os torcedores decidiram se unir por meio de uma entidade, a Confederação Nacional das Torcidas Organizadas (Conatorg), criada há um ano.
A intenção do movimento é denunciar também a desorganização do futebol brasileiro, problemas como a precariedade dos estádios e exigir respeito ao Estatuto do Torcedor, como explica Wildner Rocha, o Pulguinha, diretor da Gaviões da Fiel.
- Vamos para cima protestar contra essa situação e pedir a cabeça do Ricardo Teixeira.
As torcidas decidiram também apoiar o projeto do deputado federal Carlos Zaratini (PT-SP) que propõe a alteração do horário de jogos de futebol no Brasil. Nos dias de semana, os jogos são realizados às 21h50, por imposição da TV Globo – detentora dos direitos de transmissão -, para que se ajustem à sua grade de programação.
Zaratini tem participado de debate com dirigentes de torcidas. André Azevedo, presidente da Dragões da Real, diz que o horário é ingrato com os torcedores.
- É um desrespeito realizar jogos que terminam à meia-noite. Depois, o torcedor não tem condução para voltar pra casa e é obrigado a ficar na rua.
O projeto do deputado aguarda parecer do deputado Acelino de Freitas (PRB-BA), o ex-boxeador Popó, relator da Comissão de Turismo e Esporte.
O movimento contra Teixeira e a CBF deve ganhar repercussão nacional, segundo os seus líderes, com a participação de grandes torcidas do Rio de Janeiro e de outras como a Máfia Azul, do Cruzeiro, e a Galoucura, do Atlético-MG, em Minas Gerais; a Fanáticos, do Atlético-PR, no Paraná; a Inferno Coral, do Santa Cruz, e a Fanáutico, do Náutico, entre outras de todo o país.
André Guerra, da Mancha Verde, protesta contra os desmandos na CBF.
- Com a Copa vindo para o Brasil, os dirigentes já estão se perdendo. Em vez de mostrar para a população o que estão gastando, querem uma lei justamente para esconder tudo.
Richard Souto, presidente da torcida Fúria do Guarani, faz coro às críticas.
- Vamos unir forças também contra as arbitrariedades da polícia e da Justiça. E esse Ricardo Teixeira está sugando o futebol brasileiro.
Nem aí
Em entrevista à revista Piauí, Ricardo Teixeira diz não dar a mínima importância para as denúncias da imprensa:
- Caguei montão. Já falaram tudo de mim: que eu trouxe contrabando em avião da seleção, a CPI da Nike e a do futebol, que tem sacanagem na Copa de 2014. É tudo da mesma patota,…, que fica repetindo as mesmas merdas.
O cartola disse ainda que, em 2014, pode prejudicar a imprensa.
- Posso fazer a maldade que for. A maldade mais elástica, mais impensável. Mais maquiavélica. Não dar credencial, proibir acesso, mudar horário de jogo. E sabe o que vai acontecer? Nada.

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