quarta-feira, 15 de junho de 2011

Na guerra pelo 'domínio da manipulação das massas' entre Globo e Record, Ricardo Teixeira escolheu um lado. E apanha do outro

Mello faz uma excelente observação. Eu já cria nessa ideia de que o jornalismo da Record torna-se um pouco mais de qualidade não por que é superior ao da família Marinho (que é uma vergonha), mas por que, com raiva desta, deixa seus profissionais trabalharem um poucos mais livres.

Ontem mostrei aqui uma reportagem do Azenha, do Vi o Mundo, e equipe, para o Jornal da Record, que fez o que outros não fizeram: investigaram a partir das denúncias de Andrew Jennings no Panorama da BBC inglesa.

A partir de um vazamento (documento sigiloso que lhe chegou às mãos) Jennings fez sua reportagem. No Brasil, Azenha e equipe fizeram o trabalho jornalístico: investigaram, a partir do vazamento e demais informações do especial de Jennings. É devastador. Se não viu, veja.

Mas há mais. Rodrigo Vianna, do Escrevinhador, e equipe, também para o Jornal da Record (Azenha e Rodrigo Vianna são contratados da Record) foram atrás do principal aliado de Ricardo Teixeira no Brasil (além da Globo, é claro), o presidente do Corinthians, Andres Sanchez. Outra reportagem devastadora.

Mas, perguntou eu, essas reportagens iriam ao ar caso a Record vencesse a licitação (que, afinal, não houve) do Brasileirão?

Repórteres e o editor-chefe do Jornal da Record, Luís Cosme, com certeza gostariam que sim. Poderiam até produzir as reportagens. Mas elas não iriam ao ar. E só vão agora porque Ricardo Teixeira e o presidente do Corinthians (e também a do Flamengo) mexeram seus pauzinhos em favor da Globo.

Se a Record levasse o Brasileirão, a Globo é que estaria nos calcanhares de Teixeira.

Aliás, uma história que vem de longe. Em 2001, a Globo fez um Globo Repórter devastador sobre o presidente da CBF (veja aqui). Uma CPI foi montada para investigar a caixa-preta da CBF e ela chegou a tal ponto que Ricardo Teixeira afirmou ‘Se o relatório for aprovado, nós estamos fodidos’.

Mas aí o Brasileirão caiu no colo da Globo, que esqueceu o assunto e a história foi sendo empurrada com a barriga, até que houve a recente briga pelos direitos do Brasileirão.
Tudo isso demonstra que notícias, personagens, fatos, estão muito mais a serviço da mídia corporativa do que dos cidadãos, seus leitores, ouvintes, telespectadores. O que está em jogo, enquanto o governo não mandar para o Congresso e batalhar para aprovar a Ley de Medios, é a luta pelo domínio da manipulação das massas, como definiu o pastor Silas Malafaia, em postagem de 2007, que reproduzo a seguir:


Esta reportagem do Jornal Nacional é devastadora. Em quase nove minutos, ela vai à garganta do bispo Macedo e sua Igreja Universal do Reino de Deus (a imagem do bispo barbado ajoelhado diante dos dólares é sensacional) . Ainda se dá ao luxo de utilizar um ex-membro da cúpula da Igreja para identificar cada um deles, dando nome aos bois que pastam as verdes do rebanho do Senhor.
Mas eu penso cá comigo, como ficaria a Globo se a Record resolvesse hoje em dia contra-atacar e fizesse uma reportagem em tudo semelhante a essa, tendo a Globo como alvo?
A guerra entre as Organizações Globo e a Igreja Universal (dona da TV Record), que agora começa a esquentar, foi resumida num ato falho revelador do pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, tempos atrás:
“A Globo está nos atacando com medo de perder para nós o domínio da manipulação das massas."

Para contrabalançar, assista aqui, na íntegra, ao documentárioAlém do Cidadão Kane, produzido pela BBC, e, misteriosamente, até hoje inédito no Brasil. Ele desnuda a Rede Globo, desde sua criação, e mostra os bastidores da Central Globo de Manipulação.


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