Por Rafael Kritski, no blog O Mamute
“Do diretor e roteirista responsável por sucessos de bilheteria como Ocupação do Alemão, José Beltrame… Estrelando o Cabo André Souza, indicado ao Oscar por sua atuação ao recusar dinheiro do traficante Nem… A versão do diretor, sem cortes, com novas imagens… NÃO PERCA, Pacificação da Rocinha, no seu Domingo Maior!“
Essa poderia ser a chamada para a transmissão da ocupação do morro da Rocinha. Ação de segurança pública tornou-se espetáculo para ser assistido, semelhante a uma sessão de filme ou mesmo um jogo de futebol.
Num domingo a tarde, não é necessariamente o jogo do flamengo que o telespectador pode acompanhar enquanto toma uma cerveja gelada e come seu amendoim. A ação do Estado é transmitida ao vivo e é tão divertida quanto. Há os mocinhos, há os vilões, estratégias, objetivo…
Cabo André Souza, detentor, agora, de uma fama similar à de um ex-BBB, assume um papel parecido com o de um artilheiro que marca três gols e pede música no Fantástico. Por ter recusado um milhão de reais oferecidos por Nem para auxiliá-lo em sua fuga, é o Bom Samaritano dos tempos atuais. Cada boa ação realizada em sua vida é divulgada, enaltecida e expandida, como o simples ato de doar sangue, realizado por tantos cidadãos, que ganhou espaço no site G1, da globo.
Rodrigo Pimentel – nome conhecido nos ouvidos de todos após o lançamento do livro Elite da Tropa e do filme Tropa de Elite – assume uma função similar ao de José Roberto Wright, comentarista de arbitragem futebolística, ao explicar aos meros mortais espectadores os métodos utilizados pela polícia, suas regras e mazelas.
O momento em que a bandeira do Brasil, com seu lema altamente militar, é hasteada é o clímax: o herói conseguiu voltar a reinar, uma era de luz se encaminha após tempos de trevas, o final perfeito para um filme que exala heroísmo e ressalta todos os valores morais e éticos que deveriam ser presentes em qualquer sociedade.
Todos poderão ser felizes novamente. Ordem e progresso foram fincados no cume anteriormente dominado por tudo que há de sujo no país. A nação brasileira vibra mais uma vitória, de goleada.
Em tempo, pergunto: o Estado não fez mais que sua obrigação ao alcançar novamente uma área onde sua mão era inoperante?
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