domingo, 27 de novembro de 2011

Unasul aposta no comércio regional para enfrentar crise econômica global


Decisão foi tomada na reunião das autoridades econômicas da União de Nações Sulamericanas, em Buenos Aires. “Nós (da Unasul), longe de sermos o vagão do fim da fila que tem que se ajustar à velocidade dessas locomotivas velhas e desgastadas, pretendemos ser uma nova locomotiva na economia mundial”, disse o ministro da Economia argentino, Amaro Boudou. O comércio intra-regional entre os 12 países da Unasul alcança atualmente cerca de 120 bilhões de dólares.

O Conselho Sulamericano de Economia e Finanças da União de Nações Sulamericanas (Unasul) decidiu fortalecer o comércio intra-regional como forma de proteger-se e enfrentar a crise econômica que afeta a Europa e os Estados Unidos. O anúncio foi feito pelo ministro da Economia argentino, Amaro Boudou, porta-voz dos representantes econômicos dos 12 países membros da Unasul, que se reuniram sexta-feira na cidade de Buenos Aires. A proposta faz parte de um documento que será avaliado pelos presidentes desses países durante a Cúpula de Caracas, no próximo dia 3 de dezembro.

“Chegamos a um consenso em torno da proposta de fomentar o comércio intra-regional com o objetivo de amortecer o impacto da crise nas economias desenvolvidas”, disse Boudou. Ao término da reunião, foi divulgada uma declaração final que assinala: “em um contexto de forte crise econômica e financeira internacional, a região apresenta potencial para continuar com políticas de crescimento e inclusão social, com criação de postos de trabalho”.

Boudou sustentou que, ao se reduzir a velocidade de crescimento das economias desenvolvidas com planos de ajustes, baixa a renda dos setores populares e, portanto, do consumo, o que cria mais desemprego. “Nós (da Unasul), longe de sermos o vagão do fim da fila que tem que se ajustar à velocidade dessas locomotivas velhas e desgastadas, pretendemos ser uma nova locomotiva na economia mundial”, enfatizou.

O comércio intra-regional alcança atualmente cerca de 120 bilhões de dólares. Os 12 países membros sustentam um bloco de 392 milhões de habitantes, representando 5,9% do Produto Interno Bruto mundial. Os principais destinos das exportações da região são a Ásia e a Europa, ambas às portas de uma desaceleração econômica.

Segundo dados oficiais, as reservas monetárias nos países da Unasul somam cerca de 600 bilhões de dólares. A respeito desse ponto, um dos objetivos do grupo é fortalecer o Fundo Latinoamericano de Reservas (FLAR). O ministro argentino disse que “no que diz respeito ao manejo das reservas internacionais da região, ocorreram avanços técnicos e devido à complexidade do tema, se instruiu o Grupo de Trabalho de Integração Financeira (GTIF) para aprofundar o debate com o objetivo de alcançar posições de consenso”.

Sobre o projeto de constituição do Banco do Sul, o ministro Boudou afirmou que há avanços para sua criação e funcionamento. Antes do dia 15 de dezembro, a Câmara de Deputados do Uruguai deve aprovar o projeto de criação do banco, que já foi aprovado no Senado desse país. Com isso, o Uruguai passaria a ser o quinto Estado necessário – juntamente com Venezuela, Equador, Bolívia e Argentina – para reunir o requisito da maioria de 66,3% do capital subscrito e garantir a aprovação do convênio.

Maria Emma Mejía, secretária geral da Unasul, revelou que se considerou a possibilidade de implementar um plano de infraestrutura com um custo estimado de 16 bilhões de dólares. Este plano será considerado em uma cúpula de altos funcionários da área, que será realizada em Brasília, no dia 30 de novembro, para posteriormente ser apresentado na Cúpula de Caracas. Além disso, nos últimos encontros da Unasul foram criados grupos de trabalho com o objetivo de fortalecer o comércio e incentivar o pagamento com moedas locais. O fundo anticíclico contra a turbulência mundial será alimentado com as reservas das autoridades monetárias ou bancos centrais de cada país.

Mejía assegurou que os debates se desenvolveram sem nenhum tipo de preconceito ideológico em com o olhar focado na busca de soluções concretas para problemas econômicos e ameaças da crise global. Ela destacou ainda que os processos de integração são difíceis de se levar adiante e que, muitas vezes, os chefes de Estado acabam se revelando “mais audaciosos” do que seus colaboradores.

“As respostas coordenadas e cooperativas permitirão sustentar o crescimento econômico e a melhora na distribuição de renda”, assinala a declaração final do encontro. Na mesma conferência, o ministro Boudou apresentou o ministro de Finanças do Paraguai, Dionisio Borda, cujo país passou a ocupar a presidência do Conselho e será o organizador da próxima cúpula de ministros em junho ou julho de 2012.

Tradução: Katarina Peixoto

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