sábado, 19 de novembro de 2011

Globo viaja no avião da Chevron para defender privataria!


Por Rafael Castilho, em seu blog



O Jornal Nacional da Rede Globo destacou duas principais reportagens na noite do dia 17 de novembro.
A primeira expunha o constrangimento do Ministro do Trabalho Carlos Lupi sendo obrigado a assumir que viajara no avião particular de uma ONG prestadora de serviços do ministério.
A situação seria imoral e incompatível com o interesse público, já que este tipo de “gentileza” poderia interferir em possíveis decisões do ministro que viessem a favorecer esta ONG de “propriedade” de um empresário.
Outra notícia de destaque foi o sobrevôo da Bacia de Campos pela reportagem do JN para “tranqüilizar” a população quanto às dimensões do vazamento de óleo na costa brasileira. Seria uma fatalidade acidental muito inferior ao desastre ocorrido na costa norte-americana meses atrás.
Ao final da matéria, meio envergonhada, Fátima Bernardes admite que para realização da reportagem “tranqüilizadora” a TV Globo utilizou um jatinho oferecido pela própria empresa Chevron, responsável pelo desastre na Bacia de Campos.
Empresas deste porte contratam escritórios de comunicação especializados em gerenciamento de crises. A tarefa destes profissionais é negociar com os meios de comunicação e oferecer explicações que convençam a sociedade sobre a idoneidade da corporação.
Obviamente, a relação comercial entre as partes é um segredo empresarial. Tudo muito protegido em nome da liberdade de imprensa.
Mas a Chevron pode dormir tranqüila quanto ao comportamento da imprensa neste caso do vazamento de óleo na Bacia de Campos. Para defender a privataria e garantir a entrega das riquezas brasileiras para as multinacionais a TV Globo e seus colegas da velha mídia topam qualquer coisa e prometem matérias tênues e silenciosas quanto ao desastre natural que se avizinha.
As privatizações no Brasil ocorreram principalmente na década de 90 e foram defendidas com voracidade pela velha mídia.
A promessa era que o Brasil deixaria de gastar bilhões com empresas estatais deficitárias e sobraria muito dinheiro para o Estado concentrar suas ações e resolver a situação da Saúde e da Educação no país.
Outra promessa era a eficiência. Empresas estatais seriam elefantes brancos e incapazes de gerenciar grandes negócios. Sendo assim, as empresas privadas seriam muito mais eficientes em seus empreendimentos e trariam benefícios para toda a sociedade.
Mais de uma década depois, vemos que o déficit do Brasil com a saúde e a educação permanece grande e o Brasil perdeu a capacidade de orientar os investimentos das estatais privatizadas em benefício da infra-estrutura econômica nacional. Um exemplo disso foi o comportamento da Vale do Rio Doce logo após a crise de 2008. A empresa demitiu milhares de trabalhadores e se negou a investir em produtos de maior benefício para a cadeia produtiva do setor de minérios no Brasil.
A eficiência também não foi o forte destas empresas privatizadas. As empresas de telecomunicações submetem seus clientes à panes quase que diárias nos serviços de internet e as tarifas de telefonia celular estão entre as mais caras do mundo. As empresas de eletricidade obrigam a população a conviver com freqüentes apagões. A precariedade nos investimentos é tanta que no Rio de Janeiro os bueiros explodem sobre a cabeça das pessoas.
Mais de cinqüenta anos depois da campanha do “petróleo é nosso”, os liberais continuam defendendo a entrega do Pré-Sal para os oligopólios privados.
O desastre na Bacia de Campos só vem  reforçar para a população a incompetência e a negligência destas empresas que visam apenas o lucro imediato e pouco investem em segurança e tecnologia, marcas da nossa PETROBRAS.
Ao invés disso, a empresa texana Chevron  parece preferir investir em cortejar a TV Globo para evitar danos a sua marca já manchada de petróleo e sangue das guerras no Oriente Médio.

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